sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013


Da minha janela vejo os carros passarem. 
Do meu carro vejo janelas se fecharem.
Se em minha vida ultrapasso os 60, ganho multa. perco renda. mas ainda costuro, e me refaço com graça e prenda de boa menina.
Não ando sozinha porque é perigoso. Autonomia é faca de dois gumes. Não uso facas. Não tenho armas; não posso me defender. Me ensinaram a depender de você; seja lá quem você for.
E se nessa vida só se tiver dor, tenho remédios, calmantes, drogas e cartão de crédito. E assim, feliz serei até quando ainda bancares meu fracasso. Sua vitória, minha desgraça. Assim serei, exatamente assim, como esperas que eu seja. Perfeitamente falha. Definitivamente quebrada, minuciosamente consertada; para que me esqueça de minhas rachaduras; mas que sinta as dores a perfeição forjada; das sujeiras mau lavadas, dos dias sem dormir. Das noites perdidas olhando os carros passarem, dos carros passando sem nem notarem que minha janela está aberta. E que eu pulo do vigésimo andar. 
Me cobre no inferno as dívidas que deixei de pagar.

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